segunda-feira, 28 de janeiro de 2013


Cerca de 80 feridos em incêndio estão em estado grave, diz ministro

Pelo menos 231 pessoas morreram em boate de Santa Maria, no RS.
Governo federal busca apoio em bancos de pele de países vizinhos.



Iara LemosDo G1, em Santa Maria


Um dia depois da tragédia ocorrida em uma festa universitária na boate Kiss em Santa Maria, na região central do Rio Grande do Sul, cerca de 80 feridos ainda estão em estado grave, segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. O incêndio deixou 231 pessoas mortas no domingo (27).
Em entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira (28), o ministro disse que os pacientes, vítimas do incêndio ocorrido na casa noturna, recebem "cuidados intensivos". "Queremos manter a possibilidade de termos vagas em UTI caso seja necessário", afirmou. Pelo menos 17 novos leitos de Unidades de Terapia Intensiva em Santa Maria foram liberados para atender possíveis novas vítimas.
O número total de feridos espalhados por hospitais de quatro cidades gaúchas chega a 121. Em Santa Maria, são 82 pacientes internados – 40 em estado grave. "São pacientes que estão em ventilação mecânica. Estes pacientes estão em estado critico", afirmou Padilha.
Os outros 39 foram transferidos para Porto Alegre e para cidades da região metropolitana. O ministro disse que irá para a capital gaúcha ainda nesta segunda acompanhar o trabalho das equipes médicas e as condições de saúde das vítimas, muitas delas com queimaduras.
Bancos de pele
O governo federal também já entrou em contato com bancos de pele de países vizinhos. "Estamos contatando bancos de pele de outros países, que podem ser necessários. Já conversei com ministros da Argentina, Uruguai e Peru", afirmou Padilha.
Incêndio
O incêndio começou por volta das 2h30 de domingo, durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que utilizou sinalizadores para uma espécie de show pirotécnico. Segundo relatos de testemunhas, faíscas de um equipamento conhecido como "sputnik" atingiram a espuma do isolamento acústico, no teto da boate, dando início ao fogo, que se espalhou pelo estabelecimento em poucos minutos.
O incêndio provocou pânico e muitas pessoas não conseguiram acessar a saída de emergência. A festa "Agromerados" reunia estudantes da Universidade Federal de Santa Maria, dos cursos de pedagogia, agronomia, medicina veterinária, zootecnia e dois cursos técnicos.
Pelo menos 101 das vítimas identificadas eram estudantes da Universidade Federal de Santa Maria, segundo informou a instituição em sua página na internet.
O comandante do Corpo de Bombeiros da região central do Rio Grande do Sul, tenente-coronel Moisés da Silva Fuch, disse que o alvará de funcionamento da boate estava vencido desde agosto do ano passado.
"Fatalidade"
Por meio dos seus advogados, a boate Kiss se pronunciou sobre a tragédia. A direção do estabelecimento classificou o ocorrido como uma "fatalidade", afirmou que a empresa está em "situação regular" e à disposição das autoridades. A nota foi emitida pelo grupo de advogados associados Kümmel & Kümmel, que representa os proprietários da boate.
Público
O número de total de pessoas que estavam no interior da boate Kiss no momento em que o incêndio começou ainda é desconhecido. Segundo informações da própria casa noturna, a capacidade máxima é para mil clientes.
De acordo com o delegado Sandro Meinerz, que é responsável pela perícia, informações coletadas pelas equipes de investigação dão conta de que o público na hora da tragédia era de aproximadamente mil pessoas. O Corpo de Bombeiros, no entanto, estima que o número era maior, perto de 1,5 mil.
Estudantes que sobreviveram à tragédia relataram que, inicialmente, seguranças da boate tentaram impedir a saída dos clientes, mas que logo perceberam a fumaça e liberaram a passagem.
O capitão da Brigada Militar Edi Paulo Garcia disse que a maioria das vítimas tentou escapar pelo banheiro do estabelecimento e acabou morrendo. "Tirei mais de 180 pessoas dos banheiros. Eles estavam tentando fugir", disse.

Resgate
Muitas pessoas que conseguiram sair da boate ajudaram a socorrer as vítimas. "A gente puxava as pessoas pelo cabelo, pela roupa, muita gente saía só de calcinha e cueca, muitas sem camiseta, talvez para se proteger da fumaça", disse o jovem Murilo de Toledo Tiecher.
entenda_tragedia_boate_rs_620 (Foto: Editoria de Arte / G1)

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